Festas - Festa do Espírito Santo (Festa do Pão)
Esta festa desenrola-se no Domingo de Pentecostes e começa 3 dias antes.
A festa é organizada por quatro mordomos e um juiz que são os chamados “festeiros”. Para se ser mordomo é necessária uma inscrição prévia numa lista de espera que, por vezes, chega a alcançar 10 ou 15 anos, até que a pessoa inscrita possa representar as suas funções.
As despesas respeitantes ao juiz da festa são o fogo-de-artifício, os compromissos com a filarmónica e também a parte religiosa. Os mordomos terão de distribuir 900 pães cada e ainda terão a seu cargo as despesas com a manutenção e limpeza da igreja. Nos três dias anteriores à celebração da festa, cada mordomo terá em exposição em sua casa, um altar onde são colocados os pães e as imagens de Cristo, Nossa Senhora e o Coração de Jesus.
Cada mordomo terá de falar a 30 raparigas do lugar a que pertence (normalmente são faladas no dia da Ascensão), para que cada uma delas transporte 30 pães no Domingo de Pentecostes. Cada pão deverá ter 400 gramas.
Este pão é transportado nas ofertas (levadas pelas raparigas), que são construídas com um fundo de madeira, à volta dos quais são colocadas ripas, pregadas aos arcos, que depois de forradas a pano branco com alfinetes e ornamentadas com fitas de variadas cores, estão prontas para transportar o pão. Estas ofertas são enfeitadas pelas próprias raparigas que as transportam e se por acaso alguma das raparigas estiver de luto, então as fitas de cores garridas, passam de vermelho, azul, amarelo, a roxas e brancas, em sinal do dito luto.
Todas elas desfilam em procissão. Há também um peditório que é efetuado pelos mordomos no lugar a que pertencem, nos dias de Todos os Santos (1º de Novembro), Natal, Ano Novo e Domingo de Páscoa. Este peditório reverterá totalmente para a igreja.
Há ainda jantares oferecidos pelos mordomos, ou melhor, cada mordomo oferece aos restantes um jantar. Depois da festa, o juiz dá um jantar aos mordomos desse ano e do ano seguinte.
Ainda no dia de Domingo será, ao fim da tarde, distribuído o pão dos mordomos a toda e qualquer pessoa, gratuitamente. Se por acaso sobrar algum pão, será distribuído em partes iguais pelos mordomos e pelo juiz, e estes encarregar-se-ão de o distribuir conforme acharem melhor. Normalmente, é entregue a casas de repouso, lares ou outras instituições de beneficência.
A PROCISSÃO
A procissão desenrola-se depois da missa e percorre algumas ruas do Arrabal, sendo constituída da seguinte maneira: em primeiro lugar vai o guião, composto por três homens, um de cada lado segurando o cordão da bandeira e um terceiro que o transporta. De seguida vêm as ofertas em círio, composto por três raparigas que levam os três santos: Coração de Jesus, Menino Jesus e Nossa Senhora; logo a seguir vão as trinta raparigas (que devem ser solteiras, havendo algumas casadas quando não se consegue arranjar solteiras), de cada um dos quatro ramos., correspondendo aos quatro mordomos. Assim, há 33 raparigas por cada mordomo, o que perfaz 132 na totalidade. De seguida, vai o Divino Espírito Santo, transportado num andor pelos quatro mordomos da festa desse ano. Depois vêm as insígnias, que são compostas por três homens, um no meio com um crucifixo e um de cada lado com lanternas. Depois vêm quatro homens segurando o Pálio, sob o qual segue o padre normalmente com ajudantes, segurando o Santíssimo Sacramento.